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Colheitadeira estabelece recorde mundial em quantidade de soja colhida

A reportagem da FOLHA acompanhou a colheita no oeste da Bahia, na região do Matopiba. A nova fronteira agrícola que se espalha por uma área de topografia plana e terras profundas na qual caberiam a França, Portugal e Áustria. São 73 milhões de hectares na intersecção dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Região que na safra 2016/2017 viu a produtividade saltar de 1.143kg para 3.000kg por hectare em algumas áreas do Piauí. Já no oeste da Bahia o incremento na produção, na relação ha/kg, chegou a 45%. O milagre da multiplicação dos grãos acontece depois de três safras ruins, prejudicadas pelos baixos índices pluviométricos. Nesse cenário de números expressivos a FOLHA acompanhou a conquista de um recorde mundial. A New Holland Agriculture colheu 439.730 quilos de soja em oito horas com a colheitadeira CR8.90, fabricada no interior de São Paulo. O desempenho, ocorrido na Bahia, foi certificado pela empresa independente RankBrasil. "Ao estabelecer o recorde mundial com a colheita de mais de 439 toneladas de soja, a CR8.90 está seguindo os passos da CR10.90, detentora do título mundial do trigo desde 2014", comentou Lars Sørensen, chefe de Gerenciamento de Produtos de Colheita. A performance para uma cultura de alta produtividade foi de 4.885 kg por hectare, acima dos 3.260 kg que é a média nacional para a safra 16/17. O recorde foi estabelecido em 5 de abril na fazenda pertencente aos irmãos Mingori, no município de Formosa do Rio Preto, na Bahia. No dia do recorde a umidade era alta devido à chuva de 20 mm às 5h e a temperatura variou de 25 a 28 graus Celsius. A colheita começou às 10h30 e terminou às 18h30, cobrindo cerca de 90 hectares. A produtividade média foi de 55 toneladas/hora em uma cultura com um teor médio de umidade de 17%. Todo o desempenho foi supervisionado e verificado por um representante da organização independente RankBrasil, que certificou o recorde. A potência dos motores e a tecnologia de colheita como a orientação automática, que permite que os operadores colham sem interrupções foram fundamentais para a conquista. CONTRASTES A propriedade a qual o recorde foi batido tem 23 mil hectares, sendo 15 mil utilizados para o cultivo de soja. No Matopiba a média de tamanho as propriedades varia entre 5 mil e 20 mil hectares, que contrasta com a realidade paranaense, no qual as pequenas e médias propriedades dominam a paisagem. Quando saiu do Rio Grande do Sul, no final dos anos 1980, para desbravar o oeste da Bahia, Marildo Mingori,55, chegou a pagar oito sacas de soja por hectare, hoje o hectare é avaliado em mais de 650 sacas. No início da nova fronteira os baixos preços da terra levaram muitos gaúchos e paranaenses para a região, hoje no entanto, depois de equiparar a produtividade com os padrões do Sul e Centro-Oeste, as terras têm valores muito próximos aos praticados em algumas áreas do Paraná. Mas não são só boas notícias que brotam no novo eldorado do agronegócio brasileiro. As distâncias e a falta de infraestrutura aumentam os custos de produção. Estradas de terra em péssimas condições dificultam o escoamento da safra. "Nunca vi governo ajudar aqui na região. E a ferrovia só ficou no papel, nunca saiu e acho que nunca sairá", desabafa Mingori. O custo da precariedade é estimado em quatro reais por saco de soja. Para suprir a ausência do Estado os agricultores fazem uma "vaquinha" para tentar deixar as estradas transitáveis, só os irmãos Mingori doam 2 mil sacas de soja por ano. Sérgio Ranalli Reportagem Local.

FOLHA DE LONDRINA